"O primeiro dever da inteligência é duvidar de si mesma." Não sei quem dise isto, não me lembro agora, mas foi de certeza um tipo bastante esperto. TipO, porque as mulheres não são assim tão dramáticas. Com a excepção da minha pessoa, claro.
Agarrando numa alusão feita pela srª Stephenie Meyer pela palavra de uma das suas personagens, Bella, pode dizer-se que me assemelho a uma casa. Só que está vazia. Dantes, antes de haver casa, era só um campo relvado, as crianças iam para lá jogar á macaca e jogar futebol (também lá jogava, com todos os outros). Depois, chegaram outras crianças, diferentes, ou entao foi só o campo relvado que mudou de sítio, sim, deve ter sido isso. E essas crianças já não jogavam comigo, porque me achavam diferente. Por isso conrtruí uma casa, onde pudesse convidar os que gostasse mais. Mas fui-me apercebendo, até agora, que a casa esta vazia, sem uma cadeira sequer. Isto porque a porta é demasiado pequena para passar móveis, e as janelas também, embora haja muitas. Parece que apesar disto, nunca ninguém olhou para dentro desta casa, se bem que alguns já tenham prestado alguma atençao às suas paredes, ou assim parece.
Sinto-me cada vez mais como uma casa vazia; está em muito bom estado, boa vista, virada para sul (apanha sol todo o dia, embora nunca esteja quente), mas mesmo assim vazia. Só paredes, sem nada, brancas, sem ninguém que viva lá dentro, excepto eu. Vivo dentro de mim própria. Não sei porquê; Será medo? Sim, montes de medo. De quê? De tudo. Do que os outros pensam de mim, do que vão pensar se eu disser "isto", do que vão pensar se eu não disser "aquilo", e, claro, e mais importante, das consequências desses juízos de valor. Medo, especialmente, de ficar sozinha, só. Porque, no fundo, não me consigo valorizar. Ok, tenho 18's e 19's e 20's, que bom. E de que é que isso me valeu? Valeu-me a placa na testa a dizer "NERD", "TÍMIDA", "ESTRANHA", "A EVITAR".Que fantástico, excelente mesmo. De que me vale a simpatia, se tenho medo de errar no mais básico (e que supostamente deveria ter vindo por defeito enquanto pessoa que sou), a socialização? É que, bem vistas as coisas, é mesmo muito estúpido: ao ter medo de falar por ter medo de ficar sozinha, acabo por ficar calada, e ninguem fala comigo, fico sozinha na mesma. Mas, e se eu falar, e disser a coisa errada, e todos me ficarem a odiar por isso? (eu sei, so what, quem se rala que eu diga a coisa errada, mas que se há-de fazer? sou parva por natureza)
E depois quero falar. Mas falar com quem? A única pessoa no mundo que eu tinha a certeza (e ainda tenho) que pensa da mesma maneira do que eu é a que há menos probabilidade de me ouvir (depois de me dar com os pés, sem sequer se dar ao trabalho de mo dizer ele proprio, de certeza que não tem paciencia para mim. ja antes não tinha, quanto mais agora). Há quem seja prestável, mas infelizmente, mesmo compreendendo o que eu penso, não tem o mesmo raciocínio do que eu (não sendo isto depreciativo), por isso não me pode consolar. Chego à conclusão de que eu sou a unica pessoa que me pode consolar. Mas que consolo dá uma casa vazia, que nem sequer pode ser preenchida?
Penso que chega inevitávelmente um certo ponto da vida de uma pessoa (qualquer pessoa, aliás) em que nos esquecemos (ou assim parece pelo menos) que para apreciarmos o bom temos de passar pelo mau, ás vezes pelo muito mau mesmo. Por isso vale a pena pensar que as coisas más têm um propósito, muito importante até: como poderíamos apreciar o riso, o bom riso, se nunca tivéssemos chorado, chorado a sério? Como poderíamos saber até que ponto amamos alguém sem nunca nos separarmos dessa pessoa? Melhor: Como poderíamos saber o alívio da esperança, sem termos nunca chegado ao fundo do poço, em desespero? E não nos iludamos: as estrelas podem não formar desenhos perfeitos, mas há sem dúvida uma (não tão) subtil perfeição (segundo uma certa óptica de perfeição, sempre) em todos os seres do universo, que nos faz (querer pelo menos) acreditar num propósito, superior ou não, que pode cingir-se a nós ou ter em conta o todo, mas que está lá, presente, no simples facto de estarmos aqui. E, acima de tudo, existe para nos lembrar "que a noite tem fim", que o inverno não dura para sempre ("Nothing's ever built to last", incluindo as partes menos boas :) e é assim, aceitar significa que conseguimos lidar com isso, viver com medo é a melhor maneira de conseguir o que menos queremos).
"Ás vezes a sorte bate-nos á porta quando estamos no jardim a procura de trevos de quatro folhas."
E se eu cometer um erro? Então significa que consigo enfrentar essa possibilidade, porque não é algo fatal, e que estou pronta para o corrigir. Isto significa que me aceito com as minhas próprias "falhas", o que me permite aceitar também os outros. E, se eu aceito os outros com as suas falhas, porque não hão eles de me aceitar com as minhas? Faz sentido. Não estamos cá para lixar ninguém, queremos conviver pacificamente. Pra quê o drama? ;)
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